Depois de ser perseguido por radicais islâmicos e ser
falsamente acusado por blasfemar contra eles, Ahok é julgado e condenado
à prisão
![11-indonesia-ahok-em-discurso](https://www.portasabertas.org.br/images/1120054/4805508/5106132/11-indonesia-ahok-em-discurso.jpg)
Em um veredicto que surpreendeu a muitos, o
tribunal indonésio condenou o governador de Jacarta, Basuki Tjahaja
Purnama, mais conhecido como "Ahok", à dois anos de prisão pelo crime de
blasfêmia. A sentença é maior do que os promotores pediram e a notícia
foi bem recebida pelos extremistas islâmicos que se reuniram fora do
tribunal para comemorar. Muitos partidários choraram. Andi*, uma
muçulmana, disse que está com o coração partido. "Ele é um homem tão bom
e um grande líder e não se importava com a religião das pessoas; agora
ele está preso", lamentou.
Milhares de policiais estavam nas ruas para
evitar confrontos entre os apoiantes e opositores de Ahok. O processo
judicial teve apoio político, o que ilustra a crescente intolerância
religiosa na nação mais populosa do mundo com maioria muçulmana. De
acordo com um colaborador da Portas Abertas, a acusação de blasfêmia tem
sido uma arma poderosa nas mãos de grupos radicais. "Se Ahok, sendo
governador, não conseguiu escapar das falsas acusações, como os cidadãos
comuns vão conseguir?", questiona.
A princípio, a condenação sugerida para o
cristão de origem chinesa seria de dois anos de liberdade condicional
com um possível período de um ano de prisão, caso cometesse algum crime
durante a condicional. Essa recomendação de sentença foi dada, levando
em consideração suas "contribuições significativas" para a capital
indonésia. O juiz, no entanto, mudou o artigo do Código Penal ao julgar o
caso.
O juiz-chefe, Dwiarso Budi Santiarto, disse ao
tribunal: "Verificou-se que o Sr. Purnama, de forma legítima e
convincente, conduziu um ato criminoso de blasfêmia, e por isso impomos a
ele dois anos de prisão. Como parte de uma sociedade religiosa, o réu
deve ter cuidado para não usar palavras com conotações negativas sobre
os símbolos das religiões, incluindo a religião do próprio réu". O
governador foi detido logo após a leitura do veredito. Seu vice, Djarot
Saiful Hidayat, governará Jacarta até o mês de outubro, quando
terminaria seu mandato.
Grupos islâmicos disseram que vão pedir uma
sentença ainda mais severa, pois consideraram a prisão de dois anos
muito leve. Segundo a lei indonésia, a blasfémia é punível com até cinco
anos de prisão. De acordo com Frankfurter Allgemeine, um jornal alemão,
a decisão do tribunal foi uma "vitória para os defensores do islamismo
político" e pode impulsionar as eleições presidenciais de 2019 a
acontecer sob a crescente influência do islamismo radical. Ore pela
Igreja Perseguida na Indonésia.
Portas Abertas